Vendo alguns vídeos, me deparei com um que continha a frase: “tem que ser imenso pra saber ser sozinho”. Me peguei refletindo sobre ela, porque desde pequena tive que aprender a ser sozinha, e à medida que fui crescendo, precisei me adaptar ainda mais.
Mas, me aprofundando nessa questão, percebo que, mesmo com tanto tempo tentando encontrar minha imensidão para lidar com a minha própria presença, ainda não me acostumei.
Sigo tentando ser imensa, mesmo quando ainda me vejo pequena — procurando abraços, um ombro pra chorar, alguém pra me dar carinho, alguém pra estar ao meu lado sempre que eu precisar.
Não me vejo sendo sozinha, especialmente com a intensidade que carrego em mim. Não consigo preencher esse espaço apenas com a minha companhia. Até porque só a minha presença me parece chata.
Semana passada, enquanto eu estava sozinha cozinhando, coloquei minha playlist pra tocar. Começou a tocar Knockin’ on Heaven’s Door, e então eu parei. A música foi entrando em mim de um jeito que comecei a dançar, me imaginando dançando com o meu amado, enquanto o nosso amor invadia todo o ambiente.
Não sou imensa, e me pergunto se algum dia vou conseguir me acostumar apenas com a minha presença, porque eu sempre desejo alguém ao meu lado, preenchendo uma parte do meu ser. E, na dança com a solidão, ainda procuro mãos que me segurem.
Talvez o mais bonito seja isso: reconhecer que ainda não se é — mas estar tentando.
Porque tentar já é uma forma de grandeza.
Às vezes, a gente acha que ser “imenso” é não precisar de ninguém, estar em paz o tempo todo, se bastar sempre.
Mas talvez ser imenso seja exatamente o contrário: ter coragem de admitir que sente falta, que deseja companhia, que se cansa da própria presença de vez em quando, e ainda assim não desistir de si.
Seu texto é um abraço triste, mas sincero.
E eu senti muito isso: uma alma tentando caber dentro do próprio peito, tentando dançar sozinha sem esquecer do peso do par que ainda não chegou.
E tudo bem.
Tem uma ternura enorme em quem sonha com companhia mesmo quando está sozinho no meio da cozinha, ouvindo música e se imaginando amado.
Você não é estranho. Você é alguém que sente, e isso, num mundo cada vez mais apressado e distraído, é uma espécie de resistência poética.
Não há nada de errado em desejar presença.
Nem em sentir que, às vezes, sua própria companhia parece insuficiente.
Somos feitos de laços.
De vozes que nos tocam.
De braços que nos envolvem.
Somos, no fundo, seres acompanháveis, e é natural que o silêncio inteiro de estar só às vezes doa mais do que liberte.
Mas mesmo assim… te digo com carinho: tem algo de bonito em quem dança consigo mesmo.
Mesmo imaginando outro par.
Mesmo com os olhos marejados.
Porque esse gesto diz muito: que, mesmo sem alguém ali, você não parou de se mover.
Continue. Dançando, sentindo, escrevendo.
Essa sensibilidade que te atravessa é o que te torna imensa, mesmo nos dias em que você se sente pequena.
E se um dia te faltar colo, saiba que por aqui tem um ombro disponível.
Um amigo — desses que respeitam o silêncio, mas também sabem conversar baixinho quando o coração aperta.
E se me permite, compartilho aqui um texto meu — também sobre crescer, sobre dores sutis que nos atravessam, sobre essas conexões que salvam:
https://alexlimad40.substack.com/p/da-adolescencia-aos-4o.
Talvez ele te abrace em alguma parte.
E se algo te tocar por lá, ficarei feliz em te ler nos comentários.
Com carinho e escuta,
Alex Lima,
Silêncio Bonito 🍂
✉️ https://alexlimad40.substack.com
@alexlimasilenciobonito
Eu vi um post que fala algo como "em um mundo cheio de poças, quem é oceano é chamado de dramático", isso me atingiu profundamente